domingo, 20 de maio de 2007

Cantiga do ódio - Carlos de Oliveira

O amor de guardar ódios
agrada ao meu coração,
se o ódio guardar o amor
de servir a servidão.
Há-de sentir o meu ódio
quem o meu ódio mereça:
ó vida, cega-me os olhos
se não cumprir a promessa.
E venha a morte depois
fria como a luz dos astros:
que nos importa morrer
se não morrermos de rastros?



Carlos de Oliveira




José Fanha (org.)
De palavra em punho
Porto, Campo das Letras, 2004